sábado, 13 de outubro de 2012

BOMBA ROSÁRIO

Na estação de tratamento havia  momentos de desconforto ao realizar as análises de duas em duas horas. A coleta da água in natura era feita através de um béquer de 1 litro no ponto de chegada da água bruta, Calha Parshall. Como a lâmina da água fica baixa, é necessário fazer um jogo de cintura para não cair dentro da calha e também não deixar o vasilhame de coleta ser arrastado pela água em movimento, com riscos de ser levado direto para o fundo do decantador e consequentemente interromper a passagem de lodo nas pirâmides. Em outros momentos já foi retirado vasilhame desse recinto, durante a limpeza dos decantadores. Quando isso aconteceu, o processo de tratamento ficou ruim porque os flocos não desciam e acarretou a carreira de lavagem dos filtros para mais.
coletando água bruta
Outro ponto relevante ao realizar a coleta da água está na exposição do operador no momento da análise. A probabilidade do descumprimento, obrigatório, da realização da análise físico-química da água bruta ganha força quando está chovendo, serenando, ventando forte, sol demasiado ou outro fator de risco para o operador no momento da coleta da água. Muitas vezes era necessário adiar a análise devido a impossibilidade de coletar a amostra de água em momentos que o tempo não colaborava, pois aumentava o risco de acidentes com essa tarefa. 

Pensando em resolver esse problema na estação de tratamento, resolvi implantar uma bomba ecologicamente correta para realizar a coleta da água sem precisar sair do laboratório, uma vez que a lâmina da água fica bem mais baixa que o local para realizar as análises, impossibilitando de levar a mesma por gravidade até esse local. A bomba implantada levou alguns meses até ficar pronta para executar a tarefa antes feita de forma nada segura. No estilo de uma "Bomba Rosário" usada para captação de águas em cacimbas e poços é que o tão sonhado invento saiu. Usei uma corda fina com nós para segurar as arruelas de borracha de câmara de ar, um tubo de 25 mm acompanhado de redução para 50 mm, um aro de bicicleta com eixo e catraca, um garfo de bicicleta, três correntes de bicicleta e uma coroa, todos eles usados, adicionado a uma manivela colocada dentro do laboratório. 
Dentro do recinto gira a manivela, que gira a coroa, que gira a catraca, que gira o aro, que faz girar a corda "Rosário" que leva água pelo tubo de 25 mm, enche o reservatório de 50 mm e desce na gravidade até a pia do laboratório para ser coletada. A praticidade do invento é sem igual para tal finalidade e realiza o serviço com eficiência, jogando até 10m³/h de água.
Outro ponto forte do invento é a reutilização dos objetos na sua confecção. Sua manutenção pode ser feita por qualquer usuário e não dependerá de gastos. Ambientalmente pode ser considerado como algo de grande significado, pois não agride o meio e não necessita de força elétrica ou outra para fazer funcionar.
Gervásio Mendes Mozine
 Ass de Saneamento


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